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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

MEDO, REJEIÇÃO E PRECONCEITO: o tripé da dor...



                     “Qualquer um pode contar as sementes em uma maçã, mas só Deus pode contar o número de maçãs em uma semente”
                                                                       (Robert H. Schuller)

Como vai você?

Como você se vê?

O que os outros veem?

Você realmente é...?

Já sentiu medo? 

Afinal, vivemos em um mundo repleto de exigências sociais, morais, estéticas, culturais não é?

No entanto, as coisas se auto revelam, é como se contivessem um apelo interno: quando olhamos para uma maçã, ela nos diz: “come-me”, um copo de cristal com água “bebe-me”, um homem e uma mulher apaixonados... simplesmente são, mas passamos a duvidar da certeza imediata que as coisas nos oferecem.

Através do ato de pensar, disciplinamos nossos desejos, já não fazemos o que queremos, somos “propriedade” do social, do religioso, do cultural, da psicologia, da filosofia... que agem e falam sobre nós.

Somos seres de relações conscientes e inconscientes, tipo dentro-fora-dentro, e isso nos reporta ao pressuposto humanístico de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

Precisamos nos conhecer, saber de nossos limites, momento a momento, dando respostas às nossas indagações, frente as fronteiras estabelecidas pelo próprio homem.

Estamos ainda longe de pensar com suficiente radicalidade, as nossas escolhas, e nossa essência enquanto ser, pois a essência do agir é o consumar.

Fica o questionamento: qual é o meu discurso com relação ao meu ser, e ao ser do outro?

É um desafio constante, colocar-se inteiro nos relacionamentos e na própria vida.

Somos seres concretos, com ânsias e satisfações, vontades reprimidas, liberdades pessoais, responsabilidades e consciência de saber arcar com consequências decorrentes de atitudes e escolhas.

E como já dizia Husserl: “Toda consciência é consciência de alguma coisa”, mas às vezes nos transformamos para atender as expectativas que não nos pertencem, mas garantem nossa sobrevivência e aceitação.

O mundo decididamente é um lugar assustador (as vezes).

Você já observou quando o vento começa a farfalhar lá fora e uma atmosfera pesada se forma, uma tensão crescente está em pleno desenvolvimento no ar, uma espécie de interlúdio que antecede a tempestade?

Assim é a rejeição, esta dor que nos limita e bloqueia, perdemos de certa forma a ousadia e começamos a agir baseados em aprovação de outros.

Movemos como em tanques de areia movediça e quanto mais agitamos, mais submergimos, são nossos sentimentos de inadequação, insegurança, onde remoemos  fraquezas e morremos internamente diante de tantos preconceitos.

E por fim nos damos conta de que devemos preservar nossa integridade psíquica e nos regenerar das feridas infligidas por nós mesmos ou por terceiros.

A vida nos desafia constantemente a nos posicionar, mesmo diante das contradições produzidas pelos interesses, e assim relativizamos nossas vontades e ajustamos ao padrão comum para nos livrar dos conflitos.

Provavelmente o bom senso nos dará um norte, sem absolutizar ou literalizar nossos medos aos sentimentos de rejeição ou de preconceito.

No final das contas o que vale de tudo isso é a paz interior, chave para qualquer decisão humana.

Mas o que é a paz? Será simplesmente a ausência de conflitos ou guerras?

Imagine um terreno repleto de ervas daninhas, cardos, espinhos e abrolhos, você cuidadosamente limpa tudo, mas mesmo assim, isso não fará dele um jardim.

Será apenas um terreno limpo e somente se transformará em um jardim, quando flores forem plantadas e então haverá borboletas, perfumes e pássaros.

Assim também será com a paz interior, não basta descartarmos nossos medos, dores e frustrações, é necessário pararmos de mimar o nosso ego e decididamente avaliar e verificar a estrutura emocional construída.

Olhe para o seu mundo interno, o que ele é capaz de suportar? Afinal não podemos dar aquilo que não temos.

Panta stegei, panta pisteuei, panta elpigei, panta upomenei, esta frase escrita originalmente em grego, retrata uma verdade difícil, mais fantástica: O amor “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

Difícil, não?

Decididamente necessitamos de algo maior e mais profundo do que vãs filosofias para nossas dores, buscas e ansiedades.

Até a nossa natureza instintiva nos diz quando basta, e dentro da nossa psique existe liberdade.

Não permita que a sua visão e percepção permaneçam embotados pela passividade,  lobo que não sabe uivar não encontrará a sua matilha.

E logicamente, não podemos permitir que o medo nos domine, seja em que área for das nossas vidas, pois o medo excessivo de críticas e julgamentos severos, podem nos levar ao isolamento e comprometer a nossa identidade pessoal.

Tenha fé! E como  já dizia o poeta:

  “Se você procurar bem, vai encontrar

  Não a explicação (sempre duvidosa) da vida

  Mas a beleza (inexplicável) dela.”

Enfim, lute ou fuja, de qualquer forma o seu formidável cérebro irá secretar o hormônio ACTH (hormônio adenocorticotrófico), e que irá para a corrente sanguínea, depois no final chegará ao córtex adrenal, ativando e liberando mais ou menos uns trinta hormônios diferentes para preparar o seu corpo para lidar com tão grande ameaça, não é?

Você pode fugir ou lutar, a escolha é sua.

E o anjo falou: Paz na terra aos homens de boa vontade!


Deijone do Vale
Neuropsicóloga

4 comentários:

  1. Gostei muito do texto !
    tudo depende de nossa decisão,posição diante da vida como encaramos nossas atitudes diante das situações.
    ass.: vanessa morato

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  2. Este excelente artigo nos leva a refletir sobre a nossa existência. Será que estamos apenas vivendo ou realmente estamos fazendo da nossa vida um belo jardim, onde existe VIDA PLENA.

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  3. Querida Dê,
    Belissimo artigo, de fato Viver não é para principiante!! Nós que decidimos que "cor" queremos dar ao nosso dia, a nossa vida ao aCORdar!!

    Um Grande Beijo
    Alê (Brasilia)

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  4. Querida amiga, a quem carinhosamente, chamo de "Dê".
    Escrever, hoje em dia, tornou-se seu hobbie favorito. Estou encantada com seus artigos! Percebo, também, que está mais feliz, pois está partilhando seus talentos com o maior n. de pessoas. E, isso, certamente é parte de sua missão na vida. Buckminster Fuller, um dos maiores inventores e filósofos da nossa época, disse: "O propósito de nossa vida é acrescentar valores à vida das pessoas desta geração e das gerações seguintes".

    Beijos.
    Lúcia Helena (Lena).

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