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terça-feira, 20 de agosto de 2013

SOLITUDE: Um Exercício de Liberdade...



“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.  (Gênesis 1:27)

Em nossa mente existe uma guerra em andamento, são forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre si.

São processos  subconscientes, conflitos não resolvidos, apelos instintivos, afetos recalcados, atos falhos, lapsos de linguagem, mecanismos de defesa, entre outros e que requerem gastos significativos de energia psíquica.

A psiquiatria conhece o quadro clínico da “ilusão de indulto”, em que o indivíduo condenado à morte, exatamente no momento de sua execução, começa a acreditar que naquele instante receberá o indulto. É possível...

Às vezes agimos também assim: não fazemos absolutamente nada e acreditamos que tudo vai  mudar, isso é uma ilusão de indulto.

Você já teve uma intensa sensação de isolamento e vazio existencial?

Já se sentiu avulso, perdido em meio à multidão?
Desejou estar próximo a alguém que deliberadamente te evitou?

Não importa! O que realmente vale é olharmos o outro através de sua singularidade, dos apelos atemporais de seus instintos (de defesa, sobrevivência, sexual), ou estaremos apenas referendando o social, o cultural e o religioso.

Quantas vezes afastamos de nossa consciência um afeto, que insiste em permanecer, mesmo quando inconfessáveis conscientemente.

Adaptamos, para preservar a integridade do nosso ego, diminuir a ansiedade, medo e a culpa.

Resistimos em não fazer contato com nossas demandas internas, por serem (perigosas?) ou fontes de renovação?

Como equacionar este binômio intimidade X solidão.
Estar só pode ser uma necessidade epistêmica.

Solitude, esse estado de isolamento voluntário, uma escolha em estar a sós consigo mesmo, um exercício de liberdade.

Viver sozinho numa casa, nos confronta com o mundo interior, possibilita um verdadeiro mergulho em meio às nossas defesas, fraquezas e complexos.
Você já caminhou sobre gelo fino?

Podemos dar uma boa espiada em nossas possíveis misérias e fazer contato com a nossa realidade psíquica.

Estar só te amedronta?

Se você rejeitar seus momentos de solidão, provavelmente estará rejeitando uma parte daquilo que você é: interprete e autor de sua história de vida.

Eu... você... e nossa solitude de cada dia, ela nos oportuniza diálogos fascinantes, como orar e ter intimidade com Deus, e isso nos acrescenta autenticidade na impermanência da segurança e paradoxos da vida.

Luz  e sombra, tempestade e sol, ventos fortes e calmaria...Ah! Você tem uma bússola interna ou está à deriva?

Aproveite seus momentos de solitude, aquiete a sua alma, e como traduziu tão bem, esta relação do homem com Deus, o jesuíta francês do século XVIII, Louis Lallemant: “o homem que ora é capaz de realizar em um só ano aquilo que outro não consegue realizar em toda uma vida”.

Na solitude com Deus, descobrimos uma liberdade incomensurável, tão diferente da solidão compulsória de muitos.

A solitude é uma tremenda experiência de confiança, uma condição voluntária de oportunidade para compreendermos o sentido da vida, sem a colisão direta da realidade externa.

E você como tem reagido aos seus momentos de isolamento deliberado?

Então? Aproveite seus momentos de solitude, inspire graça.

O maior poder que uma pessoa possui é o poder de escolher, e dar sentido a vida é o grande desafio humano.

Afinal, o que desperta a sua paixão?

Quando descobrimos a resposta, provavelmente estaremos no trilho certo, pois quando um pensamento não sai da cabeça, não importa quanto esforçamos para isso, é algo revelador. Dê uma boa olhada em quem você é.

Você é incomparável, já ouviu isso antes?

Gosta de estar só ou se relacionar?

Relacionar é basicamente um encontro de subjetividades, singularidades e desafios.

Amor im(perfeito), amar, possivelmente a única maneira de captar outro ser humano.

É  impossível perceber a essência do outro, sem amá-lo, entender o que potencialmente nele está contido, aquilo que ainda não emergiu, e que pode vir a ser.

Da semente do trigo, só pode nascer o trigo, mas nós seres humanos, podemos nos tornar àquilo que singularmente fomos criados para ser.

Qual é o lugar do seu “eu” na solitude?  e no contexto relacional?

Qual das suas ações frente à vida, se tornará realidade?

A maior liberdade humana é poder escolher o caminho a seguir, o que leva definitivamente ao sentido da própria existência.

Chega um momento em que conhecemos muito bem, quem nos habita  e quem age em nós.

Não construa paredes à sua volta, não fique longe demais para ser abraçado, receber carinho é bom, não é mesmo?

Nosso cérebro tem um sistema especializado em detectar toques, afagos, e quando nossa pele é tocada, este carinho inibe o estresse em nosso organismo.

Bebês, por exemplo, necessitam serem tocados, para que desenvolvam de forma saudável. É fato que bebês prematuros ou que não são tocados e ficam em incubadoras, apresentam graves problemas de saúde, mas se forem tocados com carinho dão respostas à vida.

Não ignore a existência de uma esfera na qual se desenrolam processos psíquicos, que em segredo, codeterminam o que sentimos e pensamos, assim como o que fazemos ou deixamos de fazer.

Nossos anseios por proximidade e distância formam uma espécie de arcabouço ao qual integram nossas experiências de vida e nossos processos psicodinâmicos de regulação de afeto, cuja força motriz se compõe de desejos e conflitos.

Que tempestade agita o seu coração?

O meu amor por você...



Deijone do Vale
Neuropsicóloga

7 comentários:

  1. Gostei do artigo, nos leva a refletir sobre o sentido da vida.

    Parabéns!

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  2. Cara Amiga,
    lendo o artigo acima puder observar o quanto necessitamos de afastar de vez em quando,isolarmos para encontrarmos a paz interior!
    Essa privacidade da qual nem sempre podemos gozar em nosso meio,quando conseguimos fazemos uma faxina interior,das nossas alegrias,tristezas e momentos de angustia,polaridades que convivemos dia a dia.
    Repensando as experiencias negativas que nos impedem em nossos contatos de aproximarmos ou afastarmos,pela nossa busca das nossas relações.
    Esse isolamento voluntario pode nos fazer bem ou mal,depende do nosso emocional!
    Muuito interessante a forma como me leva a avaliar a minha necessidade,estar comigo ora com o outro,vale a pena dividir esse tempo.
    Eu aprecio ficar só sem estar na solidão,e nas relações, interagindo sempre! é muito bom ser saudável!!!!
    Abraços!
    Sandra M.Reges

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  4. Querida Deijone
    Belo Artigo, fiquei encantada ao lê-lo, me fez refletir muito acerca da minha vida e da vida das pessoas que amo.

    Grande Beijo
    Alessandra - Brasilia

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  7. Agora, pensem comigo, minha cabeça vai explodir, qual seria o limite da solitude? E a solitude tem como consequência solidão? Ou a solidão tem como consequência a solitude? Amei o artigo me fez pensar, esclareceu coisas, mas ainda fico nessa.

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