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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

PERSONALIDADE BORDERLINE (Fronteiriças)




Chove lá fora, ouço o barulho agradável dos pingos d’água ricochetear nas grandes folhas do coqueiro leque, do meu pequeno jardim.

Já são três dias de chuva contínua, neste veranico de janeiro de 2013, gosto disso!
 
Estou de férias do trabalho... Pensei em ver um filme e comer pipoca quentinha.  Dormir?  Não!  Decido, prefiro escrever. 

Ligo o computador à minha frente...

E vocês não vão acreditar, vejo entre as folhas do cajueiro, defronte a minha janela, literalmente “pairando no ar”, um minúsculo, gracioso e ágil beija-flor, se abrigando da chuva.

Nunca estive tanto tempo tão próxima de um, e olhando o doce movimento multicolorido de suas pequenas asas, fiquei a pensar...

Por fim, voou pelos ares, acho que o meu olhar curioso o assustou.

Certamente foi beijar alguma flor!

Vamos lá, vamos ao artigo.

Hoje esta chuva de verão e o pequeno beija-flor me inspiraram.

Vou escrever sobre “personalidade  limítrofe  ou fronteiriça”, um modo de ser psíquico, disfuncional, anormal e totalmente desadaptado.

Todo homem possui uma história pessoal e é isto que devemos considerar quando pensamos em “PERSONALIDADE”, sejam estas personalidades saudáveis ou patológicas.

A síndrome borderline  é um transtorno de personalidade que fica nos limites entre a neurose e a psicose, ou seja, fica na fronteira da normalidade e da patologia.
 
É bem intrigante uma personalidade borderline, desafia até o nosso Código Penal, considerando que a capacidade civil de um indivíduo está condicionada à sua capacidade mental.

O portador da síndrome nem é totalmente insano (sintomas psicóticos) e nem apresenta um prejuízo severo em seu juízo crítico que não compreenda a gravidade de suas atitudes comportamentais e emocionais, no entanto, não consegue contê-las.

O termo Borderline foi usado pela primeira vez em 1884, pelo então psiquiatra inglês, Hugles.

Este modo de reagir do indivíduo borderline, provoca dificuldades e conflitos com as demais pessoas, sendo tênue a linha que separa os estados borderline da loucura e da sanidade.

Personalidade borderline é um típico padrão comportamental de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos.

O paciente borderline apresenta sentimentos de raiva e ira como afeto único ou essencial, associado a uma baixa capacidade de controlar seus impulsos explosivos, o que o leva a manifestar comportamento violento, principalmente quando criticado.

Os borderlines se queixam com frequência de sentimentos crônicos de vazio e apresentam propensão a se envolver em relações íntimas intensas e fugazes, devido a sua instabilidade, o que ocasiona frequentes crises emocionais.

Pequenos estressores são suficientes para levá-los a atos de ira incontroláveis, com reações desproporcionais ao estímulo desencadeador do ataque de fúria.

Seus atos intempestivos revelam um “humor de pólvora”, tendo como alvo pessoas do convívio, como cônjuges, irmãos, pais, amigos, namoradas, colegas de trabalho e familiares.

É importante ressaltar, que embora o borderline consiga manter condutas adequadas em várias situações, ele escorrega feio em situações naturais do dia a dia, uma vez que o seu limiar de tolerância para as frustrações é extremamente baixo.

O curto-circuito de crises de agressividade e insatisfação manifesta-se, como numa tentativa de autenticar sua “importância”, seu valor ou seu poder, seja para se opor ao ambiente ou para confrontar as pessoas à sua volta.

Borderline são extremamente suscetíveis em suas manifestações de instabilidade afetiva e emocional, oscilando entre polos, indo do amor exaltado ao ódio declarado, da alegria efusiva a tristeza profunda, da apatia morna ao entusiasmo exacerbado, tudo isto denota um padrão de comportamento disfuncional.

Exemplo desse feitio pessoal adoecido é a vida conjugal desses indivíduos, pois ao mesmo tempo em que se apegam ao outro como “carrapato” e ficam dependentes e carentes, no instante seguinte, maltrata com   sadismo e requintes de crueldade.

Apesar de viverem sugando e exigindo do outro amor e afeto em doses cavalares, estes indivíduos temem a solidão e não conseguem ficar a sós, são intolerantes à solitude, fazem esforços extravagantes para evitar o abandono.

O seu ego tem tendência a atacar o outro do qual depende emocionalmente, como numa tentativa frustrada de camuflar ou esconder a sua enorme necessidade de dependência.

Infelizmente o ego dos borderline não suporta o vazio, o abandono, a rejeição, não superam com equilíbrio os conflitos da vida, ficando sempre em evidência o seu comportamento desadaptado.

Apresentam franca tendência para o alcoolismo, uso abusivo de medicamentos, trabalhar em excesso, sexo desenfreado, e estão o tempo todo perseguindo algo insistentemente, parecem estar em busca de alguma “coisa a mais”, que possa de alguma forma acalmá-los ou preencher o oco de sua alma vazia e insaciável.

É evidente a desarmonia, a inadequação e comprometimento de seus afetos, pois ao mesmo tempo em que sente empatia ou intenções protetoras em seus relacionamentos,  o faz porque  espera retorno, de que será preenchido pelo outro em todas suas necessidades e expectativas grandiosas.

A inconstância do borderline é desconcertante, muda de opinião e de atitude em suas relações interpessoais com extrema facilidade, eliminando de sua vida as pessoas ou substituindo-as por outras.

Passa da idealização para a franca desvalorização, isto por acreditar que não é suficientemente valorizado em sua “onipotência”, daí a insaciabilidade em termos de atenção e apreço.

Borderlines não suportam que outros sejam admirados e mais valorizados que eles, são extremamente competidores e sarcásticos.

Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline apresentam tendência suicida, seja através de atos impulsivos ou devido à ira descontrolada, desespero, pânico e ou angústia extrema.

É possível ao borderline manter relações sexuais patológicas ou incestuosas, numa tentativa abortada de se libertarem do seu vazio existencial.

Não conseguem experimentar emoções genuínas por não suportarem, e assim como defesa, suas relações  são primordialmente superficiais e com frequência mudam de trabalho, de casa, de amigos e de cônjuge.

Muitas vezes são despedidos dos empregos ou pedem demissão, por não tolerar as regras, as críticas e a rotina.

O TPB (Transtorno de Personalidade Borderline) é um grave distúrbio que afeta extremamente a vida do paciente, provocando sérios prejuízos, estes necessitam de tratamento e acompanhamento por equipes multidisciplinares,  através de medicação e acompanhamento psicológico.

As pesquisas revelam uma infância traumática (abusos diversos, abusos sexuais, separação dos pais e outras variáveis).

Alguns estudiosos apontam para uma predisposição genética, além de disfunção a nível cerebral.

Alimentam sentimentos de vingança, ódio inapropriado e de difícil controle, humor reativo, dependendo sempre dos acontecimentos à sua volta, excessiva necessidade de atenção, rompimentos raivosos de suas relações com tendência a terminarem em tragédias.

Geralmente os borderline afastam aqueles de quem mais precisam, são extremamente confusos em seus padrões de comportamento e afeto.

É paradoxal sua atuação comportamental e atitudinal, pois ao mesmo tempo em que necessitam do afeto do outro, o afastam de forma cruel e assustadora.

Especializam-se em manipular as pessoas, embora nunca admitam devido  a sua imaturidade emocional, sempre colocando a culpa no outro para justificar suas falhas, perdas e delitos.

É possível que quando crianças foram negligenciados em necessidades básicas de sua vida psíquica, o que marcou profundamente sua personalidade.

Na história de vida desses indivíduos encontraremos uma privação afetiva (ausência de uma mãe ou pai, maus tratos, carência emocional, traumas psicológicos e abusos sexuais na infância).

A memória do borderline é exagerada para acontecimentos negativos e eventos traumáticos, remoem o passado e tem dificuldades para perdoar, pois acreditam que estão corretíssimos em suas crenças e atitudes e que são eternas vítimas desse mundo cruel.

Não conseguem entender porque os outros  olham com indignação e espanto seu comportamento, mas na verdade são frágeis como vasos de porcelana.

Embora  educados, simpáticos e adoráveis em situações que lhes convêm, na intimidade demonstram abertamente o mau-humor, amargura e ataques de profunda raiva.

Conseguem esconder por um tempo o transtorno, entretanto sua vida é um sofrimento só, oscilando entre a bondade e a mais pura crueldade.

Borderline são pessoas imprevisíveis como um raio em céu claro, é uma superfície e uma profundidade de iceberg, difícil sabermos o quanto de sua personalidade está mergulhada na obscuridade.

Exigentes e desconfiados, confundem  facilmente carência emocional com paixão e assim transferem para seus relacionamentos amorosos sua instabilidade emocional, tendo uma vida dupla, uma social e outra diferente na intimidade, ou levando vida paralelas.

São árduos manipuladores, mas não possuem noção clara de sua identidade  (inclusive sexual),  são verdadeiros escravos de suas emoções.

No psiquismo borderline existe uma cisão entre o bem e o mal, entre o amor e o ódio, é uma relação interna de extremos, não há integração, num piscar de olhos se transformam, sendo a inconstância a base de suas vidas.

Borderline passam do encanto inicial ao extremo desprezo, na verdade, estamos diante de um grave transtorno de personalidade e que deve ser tratado, sob risco de prejuízos materiais e emocionais devastadores.

É um grande dilema para o paciente borderline que entende a gravidade de seus atos, mas é incapaz de frear e controlar seu comportamento auto e hetero destrutivo.

Ele se destrói, mas quer também destruir o outro.

Perdem a racionalidade  diante da frustração, do seu sentimento de dor e comportam-se como animais feridos prontos para o ataque.

Não podemos negligenciar o tratamento, ele é necessário, o grande desafio  fica por conta do diagnóstico, mas como já dizia o pai da medicina moderna, o médico canadense, William Osler: “Se você escutar com cuidado os pacientes, eles te dirão o diagnóstico”.


Deijone do Vale
Neuropsicóloga

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

VIVA MELHOR! Comportamento e Saúde


É aquela velha história: Ano Novo, Vida Nova!
O quanto isto é verdade para você?
Tudo igual, do mesmo jeito?
Mudar? Não?
Melhorar? Sim, que bom!

É possível dar um novo rumo à nossa saúde e melhorá-la.

Somos seres humanos, com motivações conscientes e inconscientes, desenvolvemos mecanismos múltiplos de defesas e portamos ansiedades de várias fontes e que se escoam através de padrões comportamentais.

Faça a diferença em sua saúde. Você sabia que 30 minutos diários de uma atividade física o separa dos sedentários?
O nosso comportamento influencia a saúde direta ou indiretamente, de forma imediata ou a médio e longo prazo para melhor ou para pior.

O que chamamos de patógenos comportamentais são aqueles comportamentos ou hábitos relacionados ao estilo de vida e que prejudicam a saúde (açúcar em excesso, obesidade, sedentarismo).

Os imunógenos comportamentais por sua vez apresentam efeito protetor, é o caso das dietas pobres em gordura, uso de filtro solar, atividade física regular, capacidade para desacelerar internamente e manter seu controle emocional equilibrado.

E você como está se comportando em relação à sua saúde?
Como vai você?

Dê uma turbinada em sua rotina diária e viva melhor.
Você está tranquilo? Está em paz com você? Se não está, comece por te perdoar, te garanto que é um ótimo começo. Pare de se culpar, cultive o bom-humor e não tenha medo de voltar atrás e mudar de opinião.

Críticas? Ouça-as e se podem construir, aproveite-as.
Faça um Check-up, visite o seu médico assistente e verifique como está a sua pressão arterial.

Glicose? Gorduras? Tireóide? Coluna? Stress?

Sinta o seu corpo, muitas vezes não percebemos nenhum sintoma, mas lembre-se,  algumas doenças são mais silenciosas que uma lápide.

Você sabe dizer não? Realmente, às vezes é muito difícil, mas o pior é dizer sim e ficar se amargando pelo seu consentimento. Vale dizer que você é totalmente responsável pelo que permite aos outros te fazer.

Beba bastante água, é bom demais. Você conhece algo melhor do que a água para o corpo, se souber me avise, preciso aprender.

Saladas de verduras, legumes e frutas devem fazer parte de sua alimentação diária. Aprenda a mastigar e sentir realmente o sabor daquilo que está comendo.

Não é aconselhável permanecer longos períodos sem se alimentar, pois o seu cérebro pode interpretar como privação e não permitir o gasto de energia, baixando o metabolismo e estocando gorduras.

Coma grãos e fibras, coloque um pouco de cevada nos sucos, trigo moído nas sopas, prepare um mingau de aveia bem quentinho, com folhas de hortelã fresca.

Castanhas, damascos secos e sementes de girassol ou de abóbora são nutritivos, saudáveis e fáceis de levar no bolso para uma emergência.

Estes alimentos fazem uma boa faxina no organismo e também nos deixam saciados por um tempo maior, uma vez que são processados  lentamente.

Troque o açúcar por canela, use também o cravo-da-índia e que tal uma pequeníssima lasquinha de gengibre (ele é um antibiótico natural), batido no seu suco de melancia?

Bata um pouquinho de salsa no suco de laranja, ela ativa o seu sistema imunológico, tem a vitamina C que previne gripes e resfriados.

Coma diariamente uma maçã, você sabia que ela reduz o risco de diabetes?

Conhece o cardamomo? é delicioso quando fervemos suas sementinhas no leite. Experimente!
Suco de couve com gotinhas de limão pode ajudar no combate a infecções estomacais.

Você já experimentou a frutinha da longevidade? é o Mirtillo, fruta vermelha que só encontramos no Brasil nos finais de ano, e é a minha predileta!  Ela combate os radicais livres do nosso organismo, possui antioxidantes (protetores do coração).

É bom lembrar que as frutas vermelhas frescas como a framboesa, morango e amora contêm o ácido salicílico, aquele encontrado na aspirina, e que combate a doença cardíaca.

Quer melhorar a concentração e atenção, experimente um suco de romã, adoçado com uma colher de chá de mel. Sua memória e estômago agradecem.

Sentido cãimbras? Coma banana, batata-doce e espinafre, eles possuem uma grande concentração de potássio.
Já cochilou no meio da tarde? É isso aí!

Estes cochilos restauram e podem aumentar o poder cerebral para a aprendizagem e criatividade e é por isso que as empresas do Vale do Silício já adotaram quartos para cochilos para seus empregados, como é o  exemplo do Google. Parabéns!

Eles estão no caminho certo, deixando o cérebro de seus empregados com a capacidade renovada, como o hipocampo, propiciando a absorção de informações novas.

Tranquilize-se. Você consegue ficar sem ver TV pelo menos um mês? Sem celular por uma semana? Sem internet por um dia? Caso diga não, reveja suas prioridades e verifique o seu nível de stress.

Possivelmente está alto, é melhor respirar fundo e olhar a paisagem, faz bem!

Que tal uma caminhada, ouça uma música suave, tome um bom banho de espuma com óleos aromáticos, hidrata, relaxa, amacia e protege sua pele.

Banho de sol, quanto tempo você não toma um solzinho? É apenas 10 minutos diários (antes das 09:00 e depois das 16:00), tem vitamina D e previne doenças. E não se esqueça do filtro solar.

Tenha um tempo de solitude para orar, ler a Bíblia, meditar, rever sonhos e projetos e ainda leve em conta que o seu impacto sobre as pessoas é diretamente proporcional a sua intimidade com Deus.

Saia de sua zona de conforto, de segurança e de comodismo, mexa-se, movimente-se.

Cuide de seus cabelos, da pele, dos dentes e das unhas, mas não se esqueça de sorrir e de olhar para o outro.
E por fim ame o seu trabalho!

Bem, agora vou tomar uma xícara do meu chá preferido: baunilha.
Saúde!

Deijone do Vale
Neuropsicóloga